Esquema prometia vagas na SESAU e vítimas pagavam por palestras e exames admissionais
Um caso de estelionato que foi denunciado nas redes sociais passa a ser investigado pelo delegado Sidney Tenório, da Divisão Especial de Investigação e Capturas (DEIC), da Polícia Civil (PC), devido à gravidade e repercussão das denúncias.
De acordo com as vítimas, uma mulher identificada como Ana Raffaela Berto ofertou uma série de procedimentos, entre eles palestras e exames médicos, com a promessa de garantir vagas de trabalho em hospitais da rede pública estadual de saúde. Essa garantia dependeria do pagamento dos custos desses procedimentos. Mas, como é de conhecimento público, não é permitido por lei a cobrança de pagamentos para se alcançar vagas no serviço público.
A autoridade policial, inclusive, não descartou a possibilidade de que as supostas vítimas (por enquanto tratadas como denunciantes) sejam responsabilizadas criminalmente neste esquema. A conduta delas também será analisada pela polícia.
“Vamos começar a ouvir as vítimas deste suposto estelionato e fazer algumas diligências externas para juntar provas documentais. Após esta fase, vamos intimar a mulher denunciada para prestar depoimento”, revelou.
O delegado adianta que, a princípio, o caso está sendo tipificado como fraude em processos seletivos de interesse público, previsto no artigo 311-A, do Código Penal. No entanto, com a investigação em curso, este enquadramento pode ser modificado.
O esquema pode ter faturado cerca de R$ 1,5 milhão e as vítimas acusam Ana Raffaela Berto, que foi candidata a vereadora no município de Mar Vermelho, no pleito de 2020, de enganar centenas de pessoas prometendo vagas de emprego público. Para ganhar a confiança de todos, usava o nome do ex-secretário de Saúde, Alexandre Ayres, com quem aparece em uma foto nas redes sociais, anunciando parcerias. Famílias inteiras teriam caído nesta armadilha, chegando a pagar quase R$ 50 mil ao esquema.
Ana Rafaela Berto, de acordo com a denúncia, afirmava trabalhar no setor de Recursos Humanos da Secretaria Estadual de Saúde e sempre mostrava um documento carimbado por ela. O contato inicial acontecia em uma das salas de um prédio comercial no bairro de Mangabeiras, em Maceió. Lá, eram definidos os cargos e o local de trabalho. O pagamento – que variava entre R$ 1.500 e R$ 3.000 – era feito de imediato.
Na semana passada, Alexandre Ayres denunciou, em sua página no Instagram, que havia gente mal intencionada usando o nome dele indevidamente para obter e oferecer benefícios ilícitos. E, como os empregos nunca passaram de promessa, os trabalhadores concluíram que foram vítimas de um golpe.
Ana Rafaela Berto, segundo os denunciantes, está foragida.