O Bahia não fez um jogo dominante contra o Fortaleza, na noite desta quinta-feira, na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, mas garantiu a vitória por 1 a 0, com gol de Jean Lucas, e se manteve na segunda posição após a disputa de oito rodadas do Brasileirão [assista aos melhores momentos no vídeo abaixo].
De início, durante a entrevista coletiva após o jogo, o técnico Rogério Ceni reconheceu o primeiro tempo ruim do Bahia, principalmente na parte técnica.
– Acho que tecnicamente foi um jogo abaixo nosso. Temos que reconhecer. No primeiro tempo principalmente, não saiu como a gente imaginava. O que fica de importante é que vencer também é importante mesmo sem jogar bem. No segundo tempo tentamos o Biel para pressionar um pouco mais a saída deles, mas quando a gente recuperava a bola, a gente acelerava muito e errava.
“Agora não podemos deixar de destacar que foi um time que continuou brigando sempre”.
Ceni apontou os motivos para o Bahia ter desempenho tão ruim no jogo. Na primeira etapa, por exemplo, o Esquadrão criou apenas uma grande chance de balançar a rede.
– Erros. Muitos erros de passe. Afobação na construção, acelerava demais. Tinha que trabalhar um pouco mais a bola para construir as jogadas. Acho que erramos mais hoje do que nas últimas sete rodadas. As trocas aconteceram por necessidade, não sei explicar como erramos tanto no primeiro tempo. Nós treinamos bem, mas hoje não repetiu a semana de trabalho. Mas repito que é de se orgulhar porque é um time que briga mesmo não tendo uma noite feliz, não deixa de competir pelo resultado final.
Com Kanu impossibilitado de entrar em campo por desconforto muscular, o treinador preferiu improvisar o volante Rezende na zaga em vez de utilizar Víctor Cuesta, recuperado de lesão. Mas Ceni explicou a opção por quem tinha mais ritmo de jogo e treinou na função.
– Tentamos o Kanu durante a semana, fizemos um teste aqui e não deu. Já tínhamos trabalhado com o Rezende nessa função. O Cuesta está voltando, ficou duas semanas parado e o Fortaleza é uma equipe de transição rápida. Achei que o Rezende ia ter mais ritmo para chegar nessas bolas. O Cuesta é importante, mas fez três treinos nos últimos 17 dias. Eu não me senti confortável para hoje, mas não impede que ele possa estar no próximo jogo com a gente. Pensei em ser um time mais ofensivo com o Rezende.
O próximo jogo já será neste domingo e contra o Criciúma, um “velho conhecido”. As duas equipes, que se enfrentaram pela terceira fase da Copa do Brasil (Tricolor levou a melhor), medem forças às 18h30 (horário de Brasília), no Heriberto Hülse.
Veja outros trechos da coletiva de Ceni
Cicinho
– Cicinho entrou muito bem outra vez. Não é que Gilberto não tenha ido bem, ele errou alguns passes, principalmente no começo. Depois, acho que ele melhorou, mas cansou. Fazia muito tempo que não jogava. Ele entrou [Cicinho], deu mais consistência defensiva. Dá um passe de calcanhar para o Everton. É importante porque são dois bons jogadores para a posição e tenho certeza que vão dar conta do recado. Cicinho ainda pode fazer o outro lado, ajuda a gente. Ryan voltando de lesão agora também.
Acreditar até o fim
– Acho que não é a crença, é o caráter do grupo como um todo. Todo mundo acredita que pode ganhar o jogo, mas é muito do que você faz para isso. Eu não coloco o jogo como muito abaixo. Nós tivemos um jogo abaixo, com mais erros, perdas de bola que não combina com nosso time. Acho que o gramado não está bem cuidado também. Tivemos três eventos aqui essa semana, treino de Seleção, usaram a grande área, que está puro barro. Claro que o estádio é público, mas precisamos cuidar um pouco mais do gramado, se não você perde qualidade. O que não tem nada a ver com o que erramos hoje. Foi um jogo abaixo, mas conseguimos nos manter firmes no jogo. A parte da dedicação nos manteve no jogo.
Difícil vencer o Bahia
– Eles entendem, acho que chegaram no ponto de entender que o talento só não sobrevive. A união da marcação, o que mais evoluímos foi sistema de marcação. Houve uma evolução de entrega de caras que são diferentes tecnicamente, mas se sujeitam a voltar, a marcar. E olhe que hoje foi um primeiro tempo cheio de falhas. Não é fácil ter o comprometimento que esses caras têm. É um sistema valioso, mas que precisa ser muito bem executado. Hoje não foi. E aí tem falha minha também. Fiz mudanças, fiquei com receio da velocidade do Fortaleza. De última hora perdemos o Ratão. Acho que o fator determinante é a entrega deles. Eles sentem que têm capacidade técnica, e se eles se doarem na parte tática, temos condições de enfrentar outros adversários. É um elenco bem curto, bem pequeno. Vai fazer falta uma hora ou outra.
Memes
– Se o torcedor se diverte, se o torcedor está feliz, a gente também está feliz. São brincadeiras saudáveis. Se o torcedor está contente, nós queremos é o torcedor presente com a gente. Um jogo 21h30, acho que foi foi transmitido na TV aberta, né?! Os caras também não ajudam a gente em horário. Não ajudam em datas e horários, tem sido terrível. Isso faz com que a média de torcedores caia um pouco. A gente só tem a agradecer o apoio do torcedor, ele é combustível para esse time. Sobre as brincadeiras, está valendo. E eu danço bem mesmo, viu?!
Sistema de jogo e mudanças no intervalo
– Eu entendo. Eu sempre espero alguma coisa de Cauly. Ele, nas noites ruins, ainda é um jogador que pode entregar. Imagina se eu tiro o Cauly e deixo Biel com Ademir e Estupiñan… essa função foi criada para o Cauly justamente para ele descansar mais dentro do campo. Eu tenho dois extremos, eu tenho dois atacantes para jogar, mas o Cauly é uma peça única. Ele não foi bem hoje, e vai acontecer. Mas eu montei esse time para ele, eu prometi que ele ia se orgulhar de disputar um título pelo Bahia, não por outro clube sendo mais uma peça. E claro que a gente depende muito da parte técnica dele, da força do Jean Lucas, que vem há 15 jogos jogando 90 minutos. Ele é um monstro. Se não tiver a sintonia fina e o ajuste, vamos sofrer. Eles não foram feitos para jogar com pouca posse de bola. Era uma troca possível? Era. Mas achei que era muito cedo para tirar o Cauly. É um jogador fundamental para mim. É um sistema que privilegia a qualidade técnica dele, evita que ele percorra distâncias longas. É um jogador que tecnicamente é o dez nosso. Ele tem liberdade para jogar no campo todo. Posso garantir que é a melhor função que ele pode exercer. Hoje o jogo não fluiu, mas o Cauly é uma peça fundamental para meu sistema de jogo.
Fonte: G1 Alagoas